A inaugurar um espaço regular de memórias de crianças de outros tempos para as crias do futuro, propomos agora um exercício de releitura de “’Os lusíadas’ de Luís de Camões contados às crianças e lembrados ao povo”, a adaptação em prosa do pedagogo, poeta e político João de Barros (1881-1960) do clássico da literatura portuguesa.
Numa era de adaptações, de adaptações das adaptações, de versões das versões, as palavras de João de Barros no prefácio da obra parecem-nos quase ingénuas: “O autor desta quase literal adaptação dos ‘Lusíadas’ reconhece – apesar do respeito, do cuidado e do carinho que pôs na delícadíssima tarefa – que ela é de qualquer modo sacrílega”. Uma saudável deferência pela obra intocável que seria substituída pela legitimidade abusiva da condensação rápida, pelo resumo descuidado e pela presença fragmentada e desconexa em posteriores manuais de qualidade muito duvidosa.
Hoje é dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Talvez as ilustrações de André Letria, na edição de 2009 da Sá da Costa, ajudem a ler João de Barros que leu Camões. Camões morreu. Viva Camões!
Paula Pina
Ainda hoje, 50 anos depois) tenho presente a emoção da leitura desta adaptação e o arrepio da visão das ilustraçõe- li-o e re-li-o vezes sem conta.
Boa lembrança
Infelizmente já não se encontram à venda… http://economia.publico.pt/Noticia/financas-poem-a-leilao-livraria-sa-da-costa-no-chiado_1461841