Hoje, como em qualquer outro ponto de uma carreira já trintona, os Beastie Boys são um exemplo cabal do que de melhor a “eterna juventude” pode fazer pela música urbana. Um pouco como nos N*E*R*D, essa prioridade concedida à celebração de uma adolescência sem idade que brilha omnipresente no trio novaiorquino poucas vezes foi tão feliz e duradoura na história da cultura pop. Contra todos os preconceitos que na sua direção grassam praticamente desde o momento, há quase três décadas, em que decidiram ser algo mais do que apenas uma banda de punk hardcore, os Beastie Boys seguem aqui o seu exímio percurso ético e estético com uma nova festa que, não gerando os mesmos índices de frescura criativa a que nos habituaram, não deixa em momento algum de se elevar muitíssimo acima de quase toda a “concorrência”. Hip hop prepassado de funk, electro, punk e outras diversões, com o sentido lúdico e de permanente desafio sonoro que o género lamentavelmente foi alienando com o trânsito do tempo. Ou seja, mais um clássico, num certo sentido… “Hot sauce committee, part two” como o caldo da adrenalina que é este tão aconselhável antídoto para a violência advogada pela generalidade da televisão, internet, jogos de computador e suportes afins que a quase totalidade dos adolescentes e pré-adolescentes consomem nestes dias de tanta escassez e, simultaneamente, de tantos excessos…
As doses massivas de ironia e delírio dos três videos que se seguem podem ajudar a decifrar melhor o fenómeno. Ou confundir tudo ainda mais… Tal como eles esperam…
disco “Hot sauce committee, part two”, dos Beastie Boys
Capitol / EMI, 2011
[a partir dos 13 anos]
Moreno Fieschi