Tag Archives: Bruno Munari

“Biblioteca Fnac Kids – 100 livros que crescem contigo”

biblioteca fnac kids 100 livros que crescem contigo

 

Uma ideia, quando é válida, pode e deve repetir-se. É esse o caso do simpático guia “Biblioteca Fnac Kids – 100 livros que crescem contigo“, num formato prático e sintético, que a Fnac acabou de lançar, aparentado com aqueloutro, saudoso já, elaborado pela equipa do Projeto Gulbenkian / Casa da Leitura. Se nem sempre os critérios de seleção são irrepreensíveis, se faltam ilustradores de relevo ou uma revisão de texto mais cuidada, assumidas as Continue reading

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Livros para pré-adolescentes e adolescentes

brian selznick a invencao de hugo cabret 2

 

Difícil e inglória é, muitas vezes, a tarefa de encontrar livros para pré-adolescentes e adolescentes que desejam outras leituras que lhes permitam escapar à voragem da literatura de aventuras (redutora), da literatura fantástica (excessiva), da literatura policial ou de mistério (de cabeceira), da literatura de costumes (desapontante), da literatura de auto-ajuda-e-conhecimento (moralizante e antiquada), da literatura de lista escolar obrigatória (imposta). Há ainda muitos jovens que passaram pela literatura de sucesso comercial (de Continue reading

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“Tarefas infinitas”, na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa

 

A nova mostra que o Museu da Fundação Calouste Gulbenkian apresenta ao público nesta sexta feira (e que aí estará patente até ao mês de outubro) inscreve-se como uma proposta de ensaio e reflexão sobre as inumeráveis potencialidades semânticas e dialógicas do livro enquanto objeto de arte. Partindo do seu caráter matérico, averigua-se a hipótese do homem se alcançar ao infinito pelo finito. O livro, o conhecimento e a arte são um dever comum que Continue reading

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2011 > essencial > literatura > livros > internacionais

 

Uma reflexão e sistematização do que a história fará perpetuar na produção criativa de determinado ano não é, em nosso entender, tarefa que possa ser devidamente cumprida ainda no decurso desse período ou, sequer, nos dias que se seguem ao seu fim. Por isso, sem as precipitações e as obsessões normativas que regem a quase totalidade das publicações culturais por este mundo dentro, optamos por deixar as obras que mais nos enriqueceram em 2011 assentar um pouco da sua intemporalidade nesta primeira meia dúzia de semanas de 2012 – e resumimos, desde ontem e nos próximos dias, o que nos parece ser a essência dessa colheita, os trabalhos aos quais o ano passado merece ficar efetivamente associado. Ao segundo passo desta pequena sequência de balanços, a produção literária infantojuvenil de autoria estrangeira que Continue reading

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“Na noite escura”, de Bruno Munari

“Um momento, por favor, o telefone está a tocar.”

É assim que termina o texto de apresentação que Bruno Munari escreveu em 1956, para a primeira edição do livro “Na noite escura”, e que figura no final misterioso quadrado/retângulo amarelo. Quem já passou pela experiência de ser entrevistado por uma criança, reconhecerá nesta nota biográfica as respostas às perguntas inesperadas, tão simples e tão óbvias.

“Quando e onde nasceste? Em Milão, Itália, em 1907.

Quanto medes e quanto pesas? Meço 1,60 metros e peso pouco mais de 50 quilos.

Tens irmãos? O meu irmão Giordano, que se casou com a Ester, que é irmã da minha mulher.

Tens filhos? Tenho um filho, o Alberto, que vive em Genebra e me telefona bastantes vezes dando notícias.

(…)”

De súbito também, deixamos as respostas às perguntas da criança e entramos diretamente na rotina de um dia com Munari: estamos com ele no ateliê ou na varanda, a sua mulher põe um bom disco e conversa um pouco, na sala ao lado o seu irmão Giordano telefona à mulher, o porteiro entra com um telegrama (ainda existem?),…

 

 

Eis a autobiografia artística do arquiteto, do designer, do escritor, do ilustrador, do construtor de fontes e mobiles de plástico, do professor, do investigador, do teórico, do pioneiro, do Prémio Hans Christian Andersen em 1974. O “Peter Pan do design italiano”, como lhe chamou Pière Restany, foi mais do que um menino que não queria crescer: graças a ele e aos seus projetos gráficos, aos seus “livros ilegíveis”, a ilustração tornou-se algo mais do que desenhos bonitinhos que acompanham um texto.

Arrepiem-se os que estão convencidos de que as crianças só gostam de cores vivas e brilhantes e de historietas de princesas ou dragões. “Na noite escura” há silhuetas a azul escuro em fundo negro e bocadinhos de texto, que surgem e desaparecem. “Na noite escura” há folhas furadas e esburacadas e técnicas de impressão diversas. “Na noite escura” há texturas, materiais (cartolina, papel vegetal, papel pardo, papel de lustro…), desenhos, e vozes (ora em narrador, distante, ora descrevendo, ora interrogando, ora em balões de banda desenhada) acompanhando um percurso (por diferentes espaços, ambientes e tempos) de descoberta multisensorial. Incoerência? Ilegibilidade? Não. Variedade, desafio. Sim, há um gato (mais até) de olhar “pirilampiscado” que busca. Um pirilampo (muitos) e a noite que se torna dia com caracóis, gafanhotos, escaravelhos, formigas, um pássaro morto. Manual de estudo de insectos? Aula sobre pré-história e espeleologia? Quem conversa com quem? Quem descobre o quê? Formiga, gato? Gruta ou buraco?
(…)

Um momento, por favor, o telefone está a tocar (seria tão bom que fosse Bruno Munari dizendo “pronto!…” do outro lado do fio).

Munari (1907-1998) mudou a história da ilustração e muda-nos ainda, sempre que nos sentamos e nos preparamos para redescobrir o que há “Na noite escura”.

 

livro “Na noite escura”, de Bruno Munari
Bruaá, 2011
[a partir dos 8 anos]

 

Paula Pina

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