O triângulo do romance de Joyce Maynard (“Labor Day”) em que Jason Reitman se baseou nasce de uma dinâmica dramática com algo de surreal, envolvendo um homem fugido da justiça (Josh Brolin) que se insinua na casa de uma mulher divorciada (Kate Winslet) que, por sua vez, vive com o filho de 13 anos (Gattlin Griffith). No sentido mais genuíno do termo, é um triângulo amoroso, mas não apenas porque as relações entre os Continue reading →
Difícil e inglória é, muitas vezes, a tarefa de encontrar livros para pré-adolescentes e adolescentes que desejam outras leituras que lhes permitam escapar à voragem da literatura de aventuras (redutora), da literatura fantástica (excessiva), da literatura policial ou de mistério (de cabeceira), da literatura de costumes (desapontante), da literatura de auto-ajuda-e-conhecimento (moralizante e antiquada), da literatura de lista escolar obrigatória (imposta). Há ainda muitos jovens que passaram pela literatura de sucesso comercial (de Continue reading →
“Irmão Lobo” chega-nos agora na sequência do fabuloso “O caderno vermelho da rapariga karateca” (2012), da contista premiada Ana Pessoa, que com ele se estreou no romance juvenil, inaugurando com chave de ouro (e com Prémio Branquinho da Fonseca 2011) a coleção que a editora Planeta Tangerina destina aos jovens: Dois Passos E Um Salto. A aceção de destinatário, neste caso, não restringe, antes reforça a ideia de que não há efetivamente idade certa ou errada para Continue reading →
Como já se tornou um hábito, não poderíamos chegar ao Natal sem dizer “presente!” – por isso, aqui estamos com as nossas escolhas de presentes para distintos gostos e feitios, unidos pelas doses inesquecíveis de magia e beleza que acrescentarão ao sonho das crias que mais amamos. Continue reading →
Bill Bryson é um daqueles autores movidos pela “irreprimível vontade de partilhar informações extraordinárias”. Apelativo para breves exigências convulsas de leitores adolescentes, mágico, interessante e divertido ainda para o leitor adulto. Não sendo um cientista, Bryson encanta-nos porque consegue ser profundo e densamente sustentado, coerente, sem cedências, escrevendo com a paixão do viajante, cativando como um contador de histórias, fazendo rir com o deleite de Continue reading →
Avisa-se de antemão, na capa da edição portuguesa deste livro, que a sua leitura não é propriamente aconselhada aos mais pequenos. “Vai dormir, f*da-se” é um álbum de brilhante humor para todos os “crescidos” que inevitavelmente desesperam com os Continue reading →
Nos campos idílicos do condado de Devon, no sudoeste da Inglaterra, Steven Spielberg dá o mote para uma peça tocante, pejada de lirismo cinematográfico, sobre a aventura épica de um jovem rapaz e do seu cavalo sob um severo pano de fundo bélico. No seu duro percurso, o extraordinário animal afigura-se fonte de inspiração para Continue reading →
Esta obra de Marjane Satrapi é uma irrepetível e singular coleção de memórias gráficas de um Irão em crucial ponto de viragem política e cultural, visto sob o olhar irrepreensivelmente atento, consciente e quase “demasiado humano” de uma criança enquanto se transforma em adolescente e, depois, em jovem adulta. “Persépolis” reúne, num singelo registo de banda desenhada monocromática, as recordações dos flagelos da Continue reading →
“Die kreuztragung Christi” (comumente conhecido em Portugal como “Subida ao Calvário”), de 1564, é a tela de maiores dimensões do pintor flamengo Pieter Bruegel, O Velho, aquela em que faz figurar 500 personagens, centradas num eixo que propositadamente mantém velado – a cruz. O cineasta polaco Lech Majewski dá vida a este “quadro que conta muitas histórias”, numa magistral peça metacinematográfica. Um retrato sociológico e histórico que o cineasta, à maneira de Bruegel, faz coadunar com uma Continue reading →
Entre uma ansiedade manifesta, que faz o coração transbordar de tamanha curiosidade, e um silêncio tímido, a expetativa por um Dia da Criança perfeito é comum. Por isso mesmo, e para que com as nossas crias possamos fazer perdurar esta celebração da vida que elas nos acrescentam, aqui se elencam as nossas escolhas de presentes para satisfazer a Continue reading →
Este “Dark shadows”, a longa metragem de Tim Burton que antecede “Frankenweenie” (que estreia em Portugal a 25 de outubro), é uma tragicomédia gótica e fantástica com sabor a sangue. Barnabas Collins (Johnny Depp), o jovem herdeiro de uma abastada família irlandesa que vive no Maine, é amaldiçoado e condenado à sombria condição de vampiro pela terrivelmente bela Angelique Bouchard (Eva Green), uma bruxa amargurada pela dor de não ver o seu amor correspondido. Enterrado durante duzentos anos, Barnabas é acidentalmente despertado (e acorda cheio de sede) em 1972, reencontrando-se com a sua mansão num estado visivelmente degradado e com uma família disfuncional, mas disposto a Continue reading →
Originalmente publicado em 2005, este livro regressa à ribalta graças à adaptação cinematográfica de Stephen Daldry, que hoje estreia em Portugal, com o jovem Thomas Horn, Sandra Bullock e Tom Hanks nos principais papéis. A atração inicial da obra de Jonathan Safran Foer surge graças à Continue reading →
Com este drama épico sobre um heroico cavalo e a sua história de resiliência em tempos de adversidade, Steven Spielberg recupera o toque áureo e humanista do clássico filme de guerra de Hollywood. Com a eclosão da I Guerra Mundial, em 1914, Albert (Jeremy Irvine) e o seu fiel equídeo, Joey, são Continue reading →
O quarto álbum a solo de Beyoncé Knowles não representa uma total continuidade em relação aos anteriores, mas antes um renascer pela tomada de alguns riscos cuidadosamente equilibrados no poderio vocal e criativo da artista – inseparável da sua presença e reconhecível ao ponto de apagar qualquer erro fátuo. Na sonoridade, sente-se um misto de influências do r&b de outros tempos, entre os ritmos dos blues tradicionais e dos intrépidos anos 80. Completa e rigorosa, Beyoncé participou no processo de Continue reading →
Hoje, como em qualquer outro ponto de uma carreira já trintona, os Beastie Boys são um exemplo cabal do que de melhor a “eterna juventude” pode fazer pela música urbana. Um pouco como nos N*E*R*D, essa prioridade concedida à celebração de uma adolescência sem idade que brilha omnipresente no trio novaiorquino poucas vezes foi tão feliz e duradoura na história da cultura pop. Contra todos os preconceitos que na sua direção grassam praticamente desde o momento, há quase três décadas, em que decidiram ser algo mais do que apenas uma banda de punk hardcore, os Beastie Boys seguem aqui o seu exímio percurso ético e estético com uma nova festa que, não gerando os mesmos índices de frescura criativa a que nos habituaram, não deixa em momento algum de se elevar muitíssimo acima de quase toda a “concorrência”. Hip hop prepassado de funk, electro, punk e outras diversões, com o sentido lúdico e de permanente desafio sonoro que o género lamentavelmente foi alienando com o trânsito do tempo. Ou seja, mais um clássico, num certo sentido… “Hot sauce committee, part two” como o caldo da adrenalina que é este tão aconselhável antídoto para a violência advogada pela generalidade da televisão, internet, jogos de computador e suportes afins que a quase totalidade dos adolescentes e pré-adolescentes consomem nestes dias de tanta escassez e, simultaneamente, de tantos excessos…
As doses massivas de ironia e delírio dos três videos que se seguem podem ajudar a decifrar melhor o fenómeno. Ou confundir tudo ainda mais… Tal como eles esperam…
disco “Hot sauce committee, part two”, dos Beastie Boys
Capitol / EMI, 2011
[a partir dos 13 anos]