Hoje é dia de dizer coisas ao pai. Ou de as ler. Coisas belas, que fiquem para sempre. Aqui ficam duas ideias:
De Ursula Wölfel, a história de um pai e de um filho que partem numa viagem a pé, durante as férias – “Sapato de fogo e sandália de vento”, editado pela Civilização há exatamente meio século (com tradução de Maria Helena Saigo), que obteve em 1962 o prémio alemão para a melhor obra de literatura infantil.
De José Fanha, os contos belíssimos da obra “Diário inventado de um menino já crescido”, da Gailivro (2004), ilustrada pelo seu filho João – “Eu consigo perceber o que é uma hora. Percebo dez minutos. Percebo dez segundos que é uma medida de tempo que uma pessoa começa a dizer e já passou. E percebo um dia ou uma semana. Mas para sempre é tão difícil perceber… Um dia, o meu pai foi-se embora para sempre. E eu esqueci-me de lhe dizer uma coisa. Nem sei bem que coisa era. Só sei que esta coisa que eu queria dizer ficou-me entalada na garganta. Para sempre.”
Paula Pina