“A lebre e o veado”, produção húngara de Péter Vácz, propõe uma curiosa variação filosófica sobre o contraste entre as duas e as três dimensões. Em termos simples, o que acontece pode descrever-se através de um acidente típico de fábula: duas personagens partilham o mesmo mundo, até que uma delas vai adquirir uma nova identidade que põe em causa o equilíbrio físico e dramático desse mundo. Assim, uma descarga eléctrica (?) transforma o veado num ser a três dimensões, ao mesmo tempo que a lebre permanece como uma figura de… papel. Trata-se, afinal, de saber como, e onde, os dois vão poder coexistir. Na prática: como comunicam os universos 2d e 3d? Enfim, um exemplo simples e cativante de uma conjuntura de linguagens que atravessa toda a produção cinematográfica contemporânea.
João Lopes
13 julho, 11 am
filme “A lebre e o veado” [“Nyuszi és öz”], de Péter Vácz
Teatro Municipal de Vila do Conde
festival Curtas Vila do Conde
[a partir dos 6 anos]