“Eu não sou uma menina, sou karateca: o meu maior sonho é ter cinturão negro e ganhar os campeonatos todos de karaté. Tenho um nome, mas estou farta dele (só na minha turma há mais sete raparigas com o mesmo nome que eu). Sou a N. N é a segunda letra do meu nome.” Está apresentada esta menina de 14 anos que um dia comprou um caderno vermelho e começou a escrever um diário. Não um diário normal, daqueles com coraçõezinhos cor de rosa e onde todos os textos começam por “querido diário”. Este é um caderno de 240 páginas em branco, “qualquer coisa por ser”, e onde N vai escrevendo histórias verdadeiras e inventadas, sobre a escola e as aulas de karaté, os rapazes e as raparigas, os amigos e os menos amigos. “O caderno vermelho da rapariga karateca” é o primeiro livro de Ana Pessoa, que com este texto venceu, no ano passado, o Prémio Branquinho da Fonseca, atribuído pela Fundação Gulbenkian aos melhores originais para o público infantojuvenil. Porque a literatura para adolescentes não tem que ser (não pode ser) só composta por histórias de vampiros e novelas delicodoces, Ana Pessoa transporta-nos para o universo juvenil – das idas ao shopping, das mensagens de telemóvel, das dúvidas existenciais – sem nunca ceder ao facilitismo. Ao texto juntam-se as fabulosas ilustrações de Bernardo Carvalho na edição da Planeta Tangerina, que assim inaugurou uma nova coleção, intitulada “Dois passos e um salto”, destinada ao público juvenil.
Maria João Caetano [convidada do Carrossel Cria Cria*]
Eu estou a ler este livro, é uma coisa fantástica. Parabens à autora!