Em 2004, o onirismo solene de 16 paisagens sonoras para um piano solitário revelava o génio criador de Gonzales na composição erudita. Melodias de uma ponderada delicadeza e graciosa evocação impressionista, anunciavam em “Solo piano” que os já firmados dotes musicais do canadiano se alcançavam a domínios ainda mais latos. Neste sucedâneo, o show man de intentos quase divinos reforça que é um magistral escultor de estruturas melódicas, ao elaborar peças de uma imaculada riqueza expressiva que conjugam reminiscências da escola romântica europeia e do jazz que conduziu à génese da modernidade nascida em Gershwin. “Solo piano II” é uma primorosa coleção de íntimas composições para piano, em que a harmonia parece acolher o espaço modelar da quietude.
disco “Solo piano II”, de Chilly Gonzales
Gentle Threat / import. Flur, 2012
[a partir dos 10 meses]