O clássico “Cinderela”, do francês Charles Perrault, publicado originalmente em 1697 na coletânea “Contos da Mãe Ganso”, recebeu, em 1983, uma nova e singular abordagem pela mão do ilustrador italiano Roberto Innocenti. A tradicional perspetiva do “conto de fadas”, que inevitavelmente associamos às transformações mágicas de uma Gata Borralheira (outrora escravizada pela madrasta e por duas irmãs invejosas) numa princesa, adquire, na paleta de tonalidades sóbrias de Innocenti, contornos que deslocam a narrativa para o plano do quotidiano. Hiperrealista nos cenários, nos traços e nas figurações, é com minuciosas pinceladas que apresenta um original pano de fundo histórico para a bela orfã de Perrault, retratando as suas personagens à maneira dos loucos anos 20. “Cinderela”, agora editado em Portugal pela Gato na Lua, foi o primeiro de uma série de clássicos da literatura infantojuvenil ilustrados por Innocenti. A ele se seguiram “Uma canção de natal”, de Charles Dickens (com edição portuguesa da Kalandraka), “O Quebra-Nozes”, de E.T.A. Hoffmann (pela Edinter), e “As aventuras de Pinóquio”, de Carlo Collodi (pela Ambar). Galardoado em 2008 com o Prémio Hans Christian Andersen, este “pintor autodidata” assinou muitas outras imagens com lugar cativo na galeria imagética da nossa memória, bem como o texto (em coautoria com Christophe Gallaz) de “Rose blanche”, uma sensível exposição com laivos autobiográficos sobre a II Guerra Mundial e o Holocausto.
livro “Cinderela”, de Perrault [texto] e Roberto Innocenti [ilustrações]
Gato na Lua, 2012
[a partir dos 6 anos]
Só mais dois, se me permitem a partilha, por ser um dos meus ilustradores favoritos, curiosamente com o texto do mesmo autor (J. Patrick Lewis): “Último Hotel” da Ambar e “A Casa” da Kalandraka.
Rita,
permitimos a partilha, obviamente… e agradecemos pela importante mais-valia que ela representa…
Até breve,
Op.