A produção da imagem como contadora de histórias tem chegado até nós através da pintura, da fotografia e, mais tarde, do cinema (ainda que, aqui, dinamizada pelo movimento e pela música). Nos livros, por contraste, as imagens são, geralmente, esperadas como complemento do texto e não tanto como a única linguagem disponível. Para várias idades, uns mais dramáticos que outros, os livros de histórias sem letras, pelas releituras que exigem e por possíveis interrogações que vão suscitando, são um verdadeiro estímulo e um desafio muito grande à imaginação e à capacidade interpretativa de qualquer pessoa.
– “Uma história sem letras.”
– “Elas estão aqui!” (seguindo, com o pequeno indicador, linhas imaginárias no branco vazio da folha)
Uma das editoras que optou pela publicação de alguns livros neste formato, em Portugal, foi a Gatafunho. Sendo já referências no seu catálogo, os livros “Onda” e “Espelho” (2009), ambos de Suzy Lee, dão vida à rebeldia de uma menina que gosta de desafiar a natureza. Mais recentemente, em 2011, a Bags Of Books editou uma trilogia – “O ladrão de galinhas”, “A vingança do galo” e “A pesca”, de Béatrice Rodriguez – que nos deixa na expetativa até ao final de cada história. A Kalandraka deliciou os mais pequeninos com “Ah” e “Oh” (2007), de Josse Goffin, ou com “O balãozinho vermelho” (2006), de Iela Mari, e sensibilizou os crescidos com o realismo de Shaun Tan em “Emigrantes” (2011). Publicado pela Caminho, Thé Tjong-Khing envolve-nos na perseguição a um par de ratinhos em “Onde está o bolo?” (2008). Por fim e totalmente em português, fomos à “Praia mar” (2011) com Bernardo Carvalho, e lembramo-nos que “Todos fazemos tudo” (2011), pela mão de Madalena Matoso, a convite da Planeta Tangerina.
Rita Cavaco [convidada do Carrossel Cria Cria*]