Hervé Tullet [ilustrador convidado, semana 7]

 

Ilustrador, pintor e autor de incontáveis talentos, Hervé Tullet, nascido em França em 1958, faz dos sentidos matéria prima do seu trabalho e do livro um objeto mágico. Começou por ilustrar para a imprensa, mas desde 1994 que se dedica sobretudo ao desenho criativo para crianças. Hervé Tullet – que é o Ilustrador Convidado do Cria Cria em maio e junho – assinou nestas duas décadas um número estonteante de livros e jogos, sendo considerado um dos mais originais e prolíferos ilustradores do mundo inteiro. “Um livro”, pérola que chegou até nós em 2010, foi um estrondoso sucesso editorial e continua a encantar todos aqueles que têm a oportunidade de o descobrir. Os jogos “Artist’ik” e “Creat’ik” também já estão disponíveis em Portugal, igualmente por cortesia da Edicare. Hervé Tullet é um mestre de cores básicas e vibrantes, que explora os horizontes da imaginação e propõe um diálogo direto – tantas vezes físico – entre o livro e o público infantil, contornando as tendências simplistas da interatividade nos moldes da sociedade contemporânea. Os seus livros são uma constante redescoberta do prazer da leitura como pura experiência sensorial, para pequenos e grandes.

 

Cria Cria: Considera ser mais difícil desenhar para crianças ou para adultos? Ou desenha sobretudo para si próprio? Que conselho daria a uma criança que se lhe dirigisse exprimindo o desejo de se tornar ilustradora?

Hervé Tullet: Acho que desenho, antes de tudo, para mim, mas parece que as crianças são mais sensíveis, mais recetivas, mais próximas do meu trabalho, muito mais rapidamente do que os adultos. Provavelmente porque o meu desenho é feito, mais ou menos, com o mesmo vocabulário [do que o delas] (linhas, pontos, rabiscos…). O único conselho que penso poder dar é a curiosidade, curiosidade de procurar fora das regras, as verdadeiras linguagens dos criadores… Em todas as àreas possíveis… Há um poema de Tomas Tranströmer que me diz muito sobre isso: “Cansado de todos aqueles que vêm com palavras, palavras mas não linguagem / Dirigi-me para a ilha coberta de neve. / O indomável não tem palavras. / As suas páginas em branco espalham-se em todas as direções! / Eu dou com pegadas de veado na neve. / Não palavras, mas sim uma linguagem.” Muito expressivo, não é?

 

Cria Cria: Pour vous, c’est plus difficile de dessiner pour les enfants ou pour les adultes? Ou dessinez-vous surtout pour vous-même? Quels conseils donneriez-vous à un enfant qui s’adresserait à vous en exprimant le désir de devenir illustrateur?

 

Hervé Tullet: Je pense que je dessine, avant tout, pour moi, mais il semble que les enfants sont plus sensibles, plus réceptifs, plus proches de mon travail, beaucoup plus vite que les adultes. Probablement parce que mon dessin est fait à peu près avec le même vocabulaire (des traits, des points, des gribouillages…). Le seul conseil que je pense pouvoir donner c’est la curiosité, la curiosité de chercher hors des grands sentiers battus, les véritables langages de créateurs… Dans tous les domaines possibles… Il y a un poème de Tomas Tranströmer qui me parle beaucoup à ce sujet: “Las de tous ceux qui viennent avec des mots, des mots mais pas de langage / Je partis pour l’île recouverte de neige. / L’indomptable n’a pas de mots. / Ses pages blanches s’étalent dans tous les sens! / Je tombe sur les traces de pattes d’un cerf dans la neige. / Pas des mots, mais un langage.” Parlant, non?

 

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