Nasceu no Brasil, tem família japonesa, mas foi em Portugal que Yara Kono afirmou a sua extraordinária identidade autoral como designer e, sobretudo, como ilustradora. Além de desempenhar um papel cada vez mais relevante no quadro criativo da editora Planeta Tangerina, da qual faz parte há quase uma década, tem visto igualmente obras suas publicadas noutras casas centrais da literatura infantojuvenil nacional, da Caminho à Kalandraka. Yara Kono é a Ilustradora Convidada do Cria Cria nos meses de março e abril, um ano depois de ter visto o seu talento devidamente reconhecido ao receber o Prémio Nacional de Ilustração.
Cria Cria: É ilustradora a tempo inteiro, 24 horas por dia? Desenha mentalmente tudo o que vê, estando acordada ou a dormir? E toma notas ou faz esquissos sobre essas visões? O que é que tem de ter sempre consigo para o poder fazer?
Yara Kono: É preciso pensar em outras coisas, desligar do trabalho (e de tudo) de vez em quando, para a vida correr melhor. Quem me dera ter um botãozinho “on/off”… Mas quando tenho as baterias recarregadas, a minha porção-ilustradora está sempre presente. E posso não desenhar o tempo inteiro, mas procuro ter a minha maneira de ver as coisas e tentar reter esses momentos… Como tenho uma péssima memória, tenho um caderno e uma máquina fotográfica sempre à mão. É importante ter um arquivo das coisas bonitas que andam por aí, como um baú de memórias. Memórias que vêm e que vão, que inspiram e que às vezes fazem sonhar (e desenhar).
ilustração originalmente publicada no livro “Como é que uma galinha…” (Planeta Tangerina, 2011)
Yara Kono: A ideia e o texto de Isabel Minhós Martins surgiram com o primeiro ovo que a então Desgraçadinha pôs, depois de duas semanas de recuperação no nosso quintal (até então vivia num galinheiro, rejeitada pelo galo e pelas outras galinhas). De Desgraçadinha passou a Celeste, a artista-protagonista. E acho engraçado mencionar que fiz boa parte das ilustrações deste livro depois de inspiradoras duas semanas de férias…