Nasceu no Brasil, tem família japonesa, mas foi em Portugal que Yara Kono afirmou a sua extraordinária identidade autoral como designer e, sobretudo, como ilustradora. Além de desempenhar um papel cada vez mais relevante no quadro criativo da editora Planeta Tangerina, da qual faz parte há quase uma década, tem sido igualmente convidada a publicar obras noutras casas centrais da literatura infantojuvenil nacional, da Caminho à Kalandraka. Yara Kono é a Ilustradora Convidada do Cria Cria nos meses de março e abril, um ano depois de ter visto o seu talento devidamente reconhecido ao receber o Prémio Nacional de Ilustração.
Cria Cria: Tem segredos ou técnicas especiais no seu método de trabalho que nos possam ajudar a desenhar melhor? Como é que trabalha a imaginação?
Yara Kono: Não há segredos (ou técnicas especiais)… É trabalhar (muito). É importante ter entusiasmo e um caderno sempre à mão. Desenhar sempre que apetecer (pode ser no comboio, em casa ou no café) e não deixar passar uma ideia que surja de repente (no tal caderno desenha-se, mas escreve-se também). Acho vital ter uma boa cultura visual. Pesquisar, ler, trocar ideias… Sair de casa e treinar o olhar, e assim ter uma maneira (só sua) de ver o mundo. Os cursos de ilustração (e afins) também ajudam. Nos cursos conhecem-se pessoas, trocam-se ideias e experiências. Fazem-se encontros, lançam-se desafios/exercícios e surgem coletivos de ilustração. Criam-se laços que perduram…
ilustração originalmente publicada no livro “O papão no desvão” (Caminho, 2010)
Yara Kono: Depois deste livro, com texto de Ana Saldanha, surgiu um segundo e neste ano deve vir um terceiro. São laços que se criam… É importante ter uma boa relação com o autor (e com o editor) para que um trabalho corra bem. Foi o caso.