“Hot sauce committee, part two”, o álbum que marca com solidez a agenda de 2011 dos Beastie Boys, funciona outra vez como fonte para o delírio juvenil que os novaiorquinos não sabem deixar de empregar a cada novo gesto criativo. Agora, a pretexto da publicação de um quarto single – “Don’t play no game that I can’t win”, a menos fulgurante canção do álbum, consequência do despropositado protagonismo cedido à débil convidada Santigold -, o trio ataca o mercado disfarçado de action figures paradigmáticas da sua vocação lúdica e satírica. Com uma disponibilidade de stock muito limitada e venda exclusiva através da sua loja na internet por um valor que provavelmente só os fãs mais radicais, colecionadores e excêntricos não considerarão proibitivo, estas figuras são comercializadas num pacote que inclui várias indumentárias (social e profissional) e outros fascinantes adereços. Como é tradição do seu constante empenho social, político e humanitário, os Beastie Boys garantem que a totalidade dos lucros será repartida por duas organizações devotadas à investigação e recuperação de crianças com cancro: a Pablove Foundation e a Alex’s Lemonade Stand.
Reforçando a promoção das action figures que reforçam a promoção do single, conceberam igualmente uma curta metragem, histórica como tantas outras da sua videografia, carregada de ironia bélica e absurda violência gráfica. Doses hilariantes de tensão dramática, perseguições (em terra, na água e no ar), esfaqueamentos, tiros de metralhadora, explosões, sangue, cabeças decepadas, zombies, um abominável yeti das neves, caos, morte e destruição que, apesar de tão explicitamente infantis, não são aconselháveis aos mais suscetíveis menores de 14 anos. Estreada há poucos dias, e com exemplar direção de um Spike Jonze que assim comprova mais uma vez que é no campo dos videoclips que melhor sabe forjar o seu incomparável traço narrativo e formal, esta é a nova entrada do espantoso espólio cinematográfico dos Beastie Boys.
“Don’t play no game that I can’t win”:
Moreno Fieschi