Depois da dionisíaca celebração funk de Sharon Jones & The Dap-Kings (aconteceu na passada 2ª feira e foi provavelmente o mais sublime concerto a que Portugal pode assistir neste ano) e da serena sabedoria jazzística de Madeleine Peyroux (ontem), viveremos hoje outra imperdível data da extraordinariamente feliz agenda do festival Cascais CoolJazzFest deste ano, cortesia desse criador sem par contemporâneo que é Mayer Hawthorne. O Parque Marechal Carmona, paradigmático privilégio ajardinado da cidade de Cascais (exemplo que devia ser seguido por muitas outras cidades portuguesas…) e residência de um dos mais completos playgrounds infantis da grande Lisboa, será iluminado, a partir das 10 horas desta noite, pela soul com pedigree funk, hip hop, jazz e pop do autor do magnífico “A strange arrangement” (Stones Throw, 2009). Tão esclarecidamente assética quanto acreditamos ser possível, a obra de Mayer Hawthorne é um dos mais profundamente tranquilos bálsamos que a música popular de anos recentes conheceu, capaz de operar decisivos milagres nas tensões quotidianas de qualquer pessoa com uma centelha de exigência artística que seja, e hipótese particularmente feliz de introdução à galáxia pop “adulta” para crianças a partir dos três anos. Imerso em referências clássicas da idade de ouro da música negra, Mayer Hawthorne é um copista com brio inquestionável e um talento colossal aplicado em canções que se elevam instantaneamente ao nível de uma fatia assinalável das suas mais dignas fontes de inspiração. Meia dúzia de provas disso mesmo, com o humor e a inteligência acrescida destes extraordinários videoclips:
“When I said goodbye”:
“Your easy lovin’ ain’t pleasin’ nothin'”:
“One track mind”:
“Just ain’t gonna work out”:
“I left my heart in San Francisco”:
“I wish it would rain”:
7 julho, 10 pm
Mayer Hawthorne
Cascais CoolJazzFest
Parque Marechal Carmona, Cascais
[a partir dos 3 anos; entrada gratuita dos 3 aos 5 anos]
Moreno Fieschi